quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

"Осторожно, двери закрываются!" -Como sobreviver na Rússia

Mariana Ribeiro

Se, turisticamente, me apaixonei de cara por São Petersburgo, a adaptação com a vida no país não foi tão fácil assim. Na Rússia quase ninguém nas ruas fala inglês, então qualquer tarefa cotidiana, por mais simples e comum que seja, se torna um exercício de linguagem corporal e, principalmente, de sorte, para achar alguém disposto a perder um tempo com você. Ir ao supermercado, fazer pedido em restaurante, comprar passagem de metro... certamente o que você se acostuma é a passar vergonha (acho que a Gabi pode confirmar isso), qualquer coisa que você tente fazer sozinha vai gerar alguma história engraçada. 

Para quem, como eu, já não tem muito senso de direção
naturalmente estar na Rússia só acentua
Outra coisa que dificulta a comunicação aqui é o alfabeto, que é o cirílico. No começo complica para reconhecer os lugares e decorar as palavras, mas não é muito difícil de aprender não. Com um pouquinho de esforço você aprende o som das letras e pelo menos consegue pronunciar. Claro que saber o significado das palavras é uma história muito diferente, mas conseguir ler razoavelmente é bem útil em algumas situações, fora que é muito divertido! O título, por exemplo, é a frase que a gente mais escuta aqui e uma das preferidas, já que é uma das únicas que decoramos. Significa: “cuidado, as portas vão fechar”, é o aviso de que o metro vai andar. E se lê mais ou menos como: “Astarógena, Dvieri Zakrbaltcya”. 

Para mim, o mais difícil, sem dúvida, foi aprender a pegar o ônibus sozinha. São Petersburgo é uma cidade muito grande e o metro aqui não alcança muitos pontos da cidade, onde eu moro, por exemplo, preciso pegar um ônibus pra chegar na estação. Ir até lá não foi tanto um problema, já que todo mundo desce no mesmo lugar, agora voltar.., A primeira vez que fiz esse trajeto foi sozinha porque meu host estava trabalhando, achei que fosse reconhecer o lugar quando chegasse na rua, mas não foi tão simples assim. Desci antes do lugar certo e fiquei esperando o próximo ônibus passar, quando subi fiquei lá perguntando pra todo mundo se alguém falava inglês, até que achei um homem que me avisou onde eu tinha que descer. Mas não parou por ai, mesmo estando na rua certa eu ainda não reconheci o lugar! E para explicar para o meu host onde eu estava, com todos os nomes de lojas escritos em alfabeto russo... 

Depois disso, até eu decorar onde devia descer do ônibus, comecei a andar com um papel em russo, que dizia: “Olá, não falo russo. Você pode, por favor, me avisar quando chegar nesse endereço”. Com uma ou duas semanas já fica tudo bem mais fácil, você já aprende a andar de metro, pegar o ônibus para sua casa, andar sozinha no Centro e algumas outras coisas fundamentais, mas até o hoje eu me perco com bastante freqüência. Essa semana mesmo estava em uma estação diferente da minha, porque sabia que o ônibus passava lá também, peguei o certo mas no sentido contrário e fui para em outro lado da cidade. 

Mas não tenho o que reclamar do transporte aqui não, é muito eficiente. Apesar de o metro não cobrir uma parte muito grande da cidade, existem muitas linhas de ônibus, eles passam com bastante freqüência e são bem baratos, é possível fazer um cartão que custa 600 rublos (em torno de 35 reais) e fazer viagens ilimitadas por um mês. Além dos ônibus públicos, existem, também, empresas privadas de mini ônibus, que custam 30 rublos (menos de 2 reais) e são bem rápidos e confortáveis. E ainda existem os trens e os trólebus, que te levam para diferentes lugares da cidade. 

Até o final de janeiro os rios não estavam
completamente congelados
Uma coisa que não foi um problema no começo, mas que agora está complicado é a temperatura. Durante o primeiro mês aqui as temperaturas não foram inferiores a -5°, mas na última semana baixaram para -20, -22. Ai é bem difícil de aguentar, especialmente para os brasileiros (nós reclamamos do frio o tempo todo!). Você não consegue passar muito tempo andando na rua que seu nariz, mãos e pés já começam a congelar. E a gente tem que trabalhar, pegar ônibus, metro, como um morador normal daqui, não dá para passar o dia debaixo das cobertas, então atrapalha bastante a vida. Mas quisemos vir para Rússia no inverno, agora temos que lidar com isso! Hahahahha 
Borscht, esse prato é muito bom,
mas a comida em geral está fazendo todos
os brasileiros sonharem com um churrasco

Outras coisas que a gente estranha um pouco é a comida, alguns costumes, a disposição dos apartamentos e coisas assim, mas com tudo isso a gente acostuma e elas não tiram, nem um pouco, a beleza da cidade, do intercâmbio, do trabalho, das pessoas daqui e das de fora também! Tudo nos faz dar boas risadas, crescer muito e aprender coisas diferentes toda hora do dia!


Um abraços a todos no Brasil!
Sinto saudades!

3 comentários:

  1. Vixee Mari!! Essa de pegar ônibus sem saber ler nem onde descer na volta me lembra meu intercambio no Egito!! Eu sabia o busao pro metro pra ir mas nao pra voltar hahhaa!

    Não fui tão esperto como anotar um papel, eu sempre pegava taxi pra ir pro shopping center que ficava perto de casa e dai ia a pé pra lá hehehe

    Credo desse frio ae! Quero passar eh longe hahaha!!

    Bjooooss!

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  2. Posso imaginar voce perdida! haha

    Não congela muito =)
    Saudades Ma!!

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  3. "Para quem, como eu, já não tem muito senso de direção
    naturalmente estar na Rússia só acentua". Hahaha, ri demais quando li isso... Saudades, adorei o texto! Beijos

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